quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pode ser a gota d'água?

Novidades... a cada alvorada. Deixar que os pensamentos transbordem para dar lugar à serenidade de tentar.

Um espanto, um suspiro, e outra angústia que se desfaz. Não sofro de noites passadas: manifestam apenas a ruptura com enganos fatídicos, quando desvelados, não retornam como promessa de repetição. Levanto outra todos os dias, renovo os ares como o outono renova o verde primaveril. Assim como o dinamismo das estações destroem o antigo para dar lugar ao novo resplandescente, movimento minhas ideias e meus passos em direção ao porvir. Entretanto, nem sempre tal impulso de descostrução/construção se mantém no espaço que a ele é concedido.

Naturalmente é comum ultrapassar espaços. Nem sempre tal invasão é intencional, ao contrário, pode até mesmo intentar a demonstração da grandeza de um sentimento. Porém, tal pretensão ingênua pode vir a desmoronar outros propósitos. A natureza nem sempre cabe numa bola, levando-a a expressar sua força desmedida, violenta, quando não suporta mais ser o que não é. A natureza é grande. Dentro de nós também está presente esse cataclismo natural: impulsos, sensações, desejos que querem imprimir a sua força no mundo, mas são tolhidos pelo dever civilizado de não "invadir" a liberdade alheia, não sucumbir o indivíduo que somos para si e para o outro... Pois bem, meu caro leitor, a proposta de se renovar às vezes foge ao nosso "controle". Mesmo intuindo criar novas perspectivas, se esbarra nas anteriores, nas cercanias da distância necessária mas invadida pelos deslizamentos não intencionais. Entretanto, quando se evidencia que escolhemos um local inapropriado para construir a morada de ser, não devemos insistir em lutar contra a fatalidade provável: deslizamentos são comuns em áreas cujo solo é instável e poroso. 

 Não é com atropelos torrenciais - mesmo que poéticos, mesmo em sua graça e ingenuidade -  que se mantém o elo com os afetos que se encontram na terceira margem... Não é com a força que a natureza demonstra serenidade diante as transformações que sofre. Paradoxalmente, também não é com a força que demonstra a força que possui para mudar: ocorre no tempo que passa e constroí desconstruíndo...

Deveras, manter cercanias como coadjuvantes de qualquer renovar nos assegura notar um espaço em que o curso das mudanças propostas devem respeitar. Não deve ser um desmoronamento de emoções, tampouco construções duvidosas sobre terrenos erosivos ou dunas que permanecem sobre a tutela do curso do vento. Não é transbordando soluções que o tempo reconstrói vazios, lacunas, aresta deixadas em outras eras. Nem é esboçando paisagens pitorescas que convencemos o espectador da maestria alcançada em orquestrar nossas paixões. Entretanto, certamente a beleza é notória e reconhecida pelo espectador quando o protagonista abandona a intenção de se adornar com imagens agradáveis e atua na superfície de tentar ser....possível. Porvir. 

  

Nenhum comentário: