domingo, 24 de abril de 2011

Vontade, menino.

Ah, que vontade que tenho de ligar, de se perder em um milhão de palavras que significam no fundo apenas uma e incomensurável coisa: amo você. Mas não posso. Ainda não. Ah, que vontade de olhar dentro dos seus olhos cor de outono e fazer-me tua, como na primeira vez... Mas não é a hora. Ah, que vontade de abraçar-lhe deixando-lhe chorar como um menino, afagando-lhe as bochechas e dizendo que mesmo machucado, podemos brincar e fazer arte juntos. Mas não sei se acreditará que pode mesmo jogar comigo. 

Ah, que vontade de amar e a amar cada virtude, cada defeito, cada silêncio seu, cada palavra de afeto. Mas agora, preciso ficar só. Ah, menino de coração ansioso, que vontade de acordar ao seu lado como Mulher que descubro que sou. Mas ainda é cedo e o dia não clareou. Se eu pudesse, correria agora mesmo em sua direção, gritaria teu nome só para você ouvir-me num sussurro, numa só nota musical. Mas agora não é o momento de improvisar melodias. Ah, menino, como eu queria lhe presentear com um jogo de futebol rubro negro só para vê-lo vibrar e torcer pela vitória (nossa?).

Ah, como suspiro a cada alvorada uma nova vida, como tenho vontade de dividir essa alegria que sinto com a mesma alegria de outrora que encontrei ao seu lado, mas preciso recuperar o fôlego para não afogar nas espumas do mar depois de tanto esforço em passar pela arrebentação das ondas... Ah, menino, que vontade louca e renovada de estar ao seu lado e lhe ver sorrir, lhe ver chorar, lhe ver dormindo como menino, encolhido na cama. Ah, se eu pudesse, inventaria um jeito de chegar perto de ti sem que me notasse, só para te proteger do frio, fazer cafuné enquanto tenta dormir, contar piadas quando tivesse triste, pra garantir que cada dia seria tudo novo de novo. Mas ainda estou aprendendo comigo mesma como posso compartilhar a pessoa maravilhosa que sou sem querer ser a mulher ideal que sonhou...

Ah, como eu queria saber se você ainda sente aquele friozinho na barriga quando demonstro o carinho e afeto que tenho por ti, como eu queria ouvi-lo dizer que sabe muito bem que a forma que tenho neste momento para mostrar-me a ti sem que me veja é desenhando palavras. Como eu queria que entendesse que só me esforço em manter um elo de afeto, que não quero criar situações desconfortáveis, tampouco parênteses entre tantas colocações difíceis de digerir... Mas não posso falar quando tu me lês... Quanta vontade, menino, de carregar seu amor em meu peito, de ser uma parte gostosa de sua vida, de lhe dar vontade de sorrir quando me vê passar. Mas tudo que posso é esperar e ocupar o espaço vazio que deixou com novas perspectivas, mesmo que não venha me buscar... 

Ah, menino... Teu coração ansioso dispara ainda em minha direção? Quantas perguntas e mais perguntas eu queria que respondesse, mas é melhor acreditar que no fundo tem um pedacinho de mim no seu peito que pulsa forte, que lhe dá vontade e mais vontade de saber o que é isso que chamamos de amor. Quanta vontade de ouvir sua voz suspirando em meu ouvido, chamando pelo meu nome e dizendo que sente saudades, que ainda dorme do "meu lado" da cama só pra sentir-se mais pertinho de mim. Ah, menino, queria  vê-lo descendo a rua, parando na porta da minha casa, esperando que eu abra o portão e ouça com atenção a minha música favorita, que sempre deixa tocar quando eu chego. Ah, menino, queria que não tivesse pressa de partir nunca mais ... Mas agora é hora de recolhimento, de ficar quietinha esperando a chuva passar.

Queres ainda andar de mãos dadas na praça? Tomar sorvete domingo à tarde, vendo filme na tv? Queres fazer outro macarrão (pois sabe que adoro) só para me agradar e me ver saborear taças de vinho? Queres me levar no alto do Ibituruna pra ver o pôr do sol? Queres se agarrar a chance de refazermos cada história? Como eu queria saber se minha intuição acerta quando me leva a acreditar que um amor cativo fortalece ao invés de esmorecer após passar por turbulências, mas é preciso dar espaço para que não nos tornemos dependentes do que passou... E pousar no que pode ser amanhã.

Como queria ter domingos e mais domingos contigo... Mas agora precisamos reformar a semana.
Como tenho vontade de ama-lo desse jeitinho que você é. Mas não quero atropelar nenhuma hora que seja necessária para tentar reconstruir nossa casa. 
Como eu queria...
Quanta vontade, menino... 

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