quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Atomic heart mother

Quero a serenidade fria de um lagarto, para poder deixar o ontem na prateleira das bugigangas. Ao mesmo tempo, preciso ter a força de uma fênix para projetar-me além de toda vitrine que me vende aos trapistas como um pecado do qual alguém severamente se arrependeu. A acidez de palavras impensadas jogadas ao vento não me convencerão do que não sou, tampouco me condenarão a me tornar um reflexo da teimosia de quem não tem a ousadia de mudar.

Agradeço a Apolo e Dionísio por me adotarem como otimista trágica, permitindo-me transformar o horror em prosa, em versos, em dizeres que acalentam meu coração dilacerado pela circunstância que me desfavorece. Desejo profundamente toda a sorte lançada através da Sabedoria do Sileno, mascarada pelo coro dissonante que me faz cantar e contemplar a vida com mais afinco.

Não tenho o hábito de vomitar minhas indigestões. Não deixarei de viver este momento. Não hei de me esconder atrás da porta, tampouco hei de mergulhar no mar de lamentações inúteis e me afogar no abismo. Mas vou sofrer cada segundo à distância, na superfície do cotidiano, encarando-o pela imagem bela que já tive, no espelho que ontem se espatifou...

Vou recomeçar...