segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ex machina

Dores e mais dores...
Estômago despreparado para digerir esta carniça aquém da vida.
Sabe que me sinto mais gente quando tenho dores de estômago?? É sinal que ainda não comecei a ruminar a vida: ela dói - e esfrega isso em todos os meus sentidos.
Ficar engasgado deixou há muito tempo de ser um problema a ser tratado apenas por especialistas: é uma manifestação fisiológica da insatisfação, o que também manifesta a aptidão para denunciar como indigesto o que se disfarça como não indigesto... Fazemos uma espécie de digestão pelo avesso, porque somos um ás para engolir a seco qualquer atrocidade (a qual sempre a culpa é do outro, estar no mundo não significar ter qualquer ônus sobre o que acontece nele; nascemos idôneos... tsctsctsc...) , em contrapartida, não temos sequer paciência para melhorar a mastigação de nossas emoções, do que nos estimula, do que gera angústia, do amor.... enfim... de todo esse "mexido" de desejos e repulsas que nos compõem.
Há tanta preocupação com a estampa do corpo, com esta forma impressa e tão quadrada, que irrelevamos o essencial: escutá-lo. Necessidades básicas abarcam algo além do víveres, pois é uma dissonância composta por cada instante de emoção... assim como as células que se renovam, recortamos quem queremos ser... em metamorfose...
Belo é quando descobrimos que até a indigestão é pura manifestação da vida...

domingo, 22 de novembro de 2009

Uma partida de futebol...para quem não gosta de futebol

"Eu preciso dizer que eu te amo, desentalar este osso da garganta..." Essa é a versão original da composição de Cazuza e Bebel Gilberto. Mas as vezes, quando há tanta coisa a dizer, o que realmente importa se torna termo médio do silogismo.

Quando nos vemos numa guerra contra si mesmo, buscamos a todo custo se livrar desta montanha russa de emoções, porém, é bem mais complicado do que imaginamos. Isso porque quando tudo está mal, certamente pode piorar. É uma sensação horrível de impotência que assola qualquer desejo, uma carência e solidão sem tamanho - e, obviamente, incompreensível aos olhos do outro. Acho que na realidade, todo momento de crise pessoal é meio egoísta: esperamos ser entendidos, mas nos esquecemos de entender o sofrimento alheio também...

Driblar este paradoxo é tarefa dos dois times, mas para esse jogo é necessário disposição para o empate: entretanto, nosso ânimo as vezes pode ser a pior arbitragem, porque nos inspira o anseio de ganhar sempre... Putz.... Temos o dom nato de facilitar a complexidade... Mais um paradoxo para qualquer lógica inútil...

" Essa coisa que mete medo pela sua grandeza. Não sou o único culpado, disso eu tenho certeza..." Caetano imprimiu neste trecho de "Queixa" algo que parece que preferimos ignorar, quando na verdade é o que pode garantir o sucesso de qualquer partida...

Quero recuperar a vitalidade de um amor dionisíaco, sem tamanho para qualquer palavra que queira desenha-lo. Quero me recuperar... e ganhar você novamente. Confesso que seria mais fácil simplesmente reconhecer que meu time está à beira da zona de rebaixamento, que eu deveria entregar o jogo e apenas esperar o apito que demarca o intervalo. Mas prefiro respirar por quinze minutos para recuperar o fôlego e voltar com tudo no segundo tempo.

Reagir: este é, sem dúvida, meu "pecado"favorito...