domingo, 9 de março de 2008

(In) Possibilidade

Sinceramente, não acredito neste amor copernicano. Devo ter furado a fila quando era necessário esperar ou - pior ainda - entrei na fila errada, por que simplesmente concebo que tal empreitada está condenada ao fracasso. Nem se eu virar o outro pelo avesso, não há como apreende-lo plenamente e tampouco faze-lo desejar livremente sentir-se "propriedade privada ltda" de um bem querer viciado.

Em contrapartida, confesso que não é nada fácil compreender que não há exclusividade absoluta, mesmo que não haja um deslize concreto, o desejo habita o pensamento, o inconsciente, as fantasias sexuais... etc... Posso até conseguir evitar que o outro efetive uma relação secundária, mas não posso evitar que ele pense nesta possibilidade...

Deveras, creio que um meandro - entre tantos - inteligente é crer que em uma infinidade de alternativas, se alguém está comigo, é porque ao menos sou a alternativa mais interessante (até ele ou eu encontrar outra mais interessante - o que também é possível). Isso não patentiza a promiscuidade nem apologiza as relações efêmeras, apenas retira o Véu de Maia de uma felicidade fajuta, que não lida nem responde às diferenças, aos conflitos e contradições naturais. Assim, cada momento torna-se livre de qualquer obrigação com "a moral e os bons costumes" que proclamam uma fidelidade impossível de ser preservada (poor childrens!)... apenas consegue
consagrar ainda mais a dificuldade de aceitar que entre tantas, não sou mais que uma possibilidade...

Não é à toa que os "devotos de Copérnico" foram perseguidos e, por vezes, mortos. Que idéia mais sem eixo, esta de circular eternamente em torno de apenas uma - possível - estrela...