domingo, 10 de abril de 2011

O ilusionista.


Recomeçar? Sim!!

Sendo humanos, deslizamos. Nos confundimos e as vezes criamos uma situação esquizofrênica, por só existir em nossa mente. É tão fácil nos iludir... Basta um gesto, uma palavra mal interpretada para imaginarmos uma situação com vida própria: persongens, passado, presente e futuro (futuro?! Sim, leitor, futuro, é possível?!). Nessas horas, somos ilusionistas por conveniência, nos dotamos do poder da adivinhação sobre o porvir que na realidade não passa de meras conjecturas vazias, advindas da confusão entre realidade e ilusão, causada por nossa própria imaginação...É verdade, leitor, nossa mente pode também ser uma atração ilusória que transforma lenços em pombos...

Nós, mulheres, sabemos muito bem  o perigo que as ilusões representam: temos a habilidade inata de pensar em inúmeras possibilidades de significação para um sorriso amarelo, uma piscadela sem direção, um olhar enigmático... Talvez seja por isso que fazemos, por vezes, o uso - as vezes exagerado, confesso - da palavra em busca de uma confirmação ou negação de nossos devaneios hormonais... Palavra, pra nós, pode ser o Gato de Botas que aparece sem se mostrar, trazendo à tona a intepretação verdadeira de nossos desejos no País das Maravilhas...

Entretanto, se iludir não é privilégio do sexo frágil - aliás, a fragilidade feminina, meu caro, não é pejorativa. É força criativa que nos impulsiona a tentar e resistir à comodidade da conformação. Somos fisiologicamente mudança -. Indiferente ao gênero, todos podem ser vítimas de pensamentos delirantes que por vezes nos convencem de sua veracidade: basta apenas ceder à tentação desprazerosa de tais ideias. Não sabemos de onde vem, se porventura existe mesmo um gênio maligno responsável pela introjeção de conjecturas malucas e sensivelmente irracionais, perversas por provocar o sofrimento e o engano - se existir, deve se divertir  horrores ao nos sacanear... Ou se nós mesmos nos colocamos em um test drive tecido por nossas "impressões desencantadas" que nos choca contra o muro, insistindo que ele não existe. Ao invés de duvidar, simplesmente acreditamos em nossa ilusória criação: como um truque de mágica, em que sabemos que é um truque, mas nos maravilhamos ao avesso (neste caso) com a fantasia.

No entanto, viver não é tirar todo dia um coelho da cartola...

É pretencioso e ingênuo de nossa parte admitir a frustração como um ponto final. A frustração nos coloca em uma posição defensiva, por sentirmos uma necessidade colossal de reavaliar nossos pensamentos e atitudes em busca de uma conciliação interna (entre desejo e realização) e externa (entre acertos e equívocos). Quando experienciamos tal desventura, nos sentimos como o Homem de Lata, sem coração, vazio de amor... Como se todos os nossos fluídos corporais evaporassem em segundos, entre querer ficar e saber que o melhor é se afastar por um tempo: entrar na cabine e desaparecer por segundos, dixando claro que está ali,  e logo há de retornar refeito. Entretanto, se nos rendermos à desventura, aos infortúnios do passado que não irão se apagar; se nos rendermos à sensação de fracasso e a baixa estima que  paira como um nevoeiro  que turva todas as qualidades e dias felizes em jogo, aí sim fracassaremos ad infinitum. Não é sensato nos privar da coragem de recomeçar, de investir em novos jogos de linguagem quando temos ainda uma pequena chance. Não é sensato nos perdermos em uma teia tecida por nossas ilusões só por puro receio autoconservador de um coração partido...

Viver entre as teias que tecemos o significado de nossa vida é indubitavelmente um desafio. Mas eu já libertei a mosca da garrafa, em busca de tecer outra fortuna ao amor que deveras sinto. Agarro-me com alegria à pequena chance, aos primeiros fios renovados que brotam vagarosamente em minhas mãos... Estou nua à beira de um amor cativado, aguardando apenas um sinal para me atirar...

















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