segunda-feira, 27 de junho de 2011

Silêncio....

Acordei ouvindo o silêncio.
Entre uma palavra e outra, sussurraram o silêncio.
O ruído da rua atropelou toda a manhã
de silêncio
e palavra.

Há dissonância também no dia,
há improviso artístico do corpo
que quer dizer tudo
em silêncio.

Invisível e inaudível.
Indolor.
Incolor.
(Inter)dito.
(In)constante ruído
onde jaz silêncio e vida
em mudança.



segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mundo grande

Hoje, meu coração pulsa Drummond:

"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
Por isso me grito,
Por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
Preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também na rua não cabem todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
As diferentes dores dos homens,
Sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
Num só peito de homem… sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
Tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
Tão calma! Vai inundando tudo…
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
Como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que os homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
As sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
Países imaginários, fáceis de habitar,
Ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
Trouxeram a notícia
De que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
Entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
Entre a vida e o fogo,
Meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! Nós te criaremos."

(O Mundo grande - In: Sentimento do Mundo)

sábado, 4 de junho de 2011

Recaída.
Essas coisas de amor as vezes reclamam atenção quando não é possível ceder tempo.
Tem horas que sou devorada pela falta,
pela carência,
pela saudade de um amor presente.
Tento ao máximo
transfigurar a dor em beleza.
Mas tem horas que parece que vou
simplesmente
explodir.

Ou inflar
como um balão
e sair voando por aí... até eu me perder...
E me (re)encontrar.

Saber pintar emoções não é
pra qualquer artista.
Saber lidar com o terror do tempo
que nos assombra
é para trágicos
e cômicos.

Minha palavra pode ser temperada
com um pouco de ira
de dor
de necessidade.
Mas revolta
ressentimento ou
agonia, não.

Não me julgue.
Sou apenas uma paixão
que não se cabe mais dentro de si
E precisa tornar-se(r).

Um toque de cólera poética
que não infecta
nem mata.
Só apraz as pulsões
em favor da vida bela.
Sem direção.
Sem eleitos.
Só poesia
e versos livres.

Amo(r).

Limite.
Até os maiores amores adormecem
silêncio.
shhhhhhhhhhhhh....
Sem você.
Amanheceu?
Só tenho seu amor quando sonho.
Quero um amor que acorde ao meu lado.
Não sou platônica o suficiente para
amar somente uma sombra de amor
que ficou fora da caverna.
Não gosto de cavernas.
Nem de sombras frias, vazias de vida,
que repetem o desejo como alegoria.
Estou só.
Fico muito bem sozinha quando
meu coração é apenas terra fértil
a ser cativada.
Porém,
Tenho um grande amor que infla dentro de mim
 - como um balão.
que quer voar para longe...
Eu quis.
Ainda quero.
Iria a qualquer lugar
com você:
desceria nos porões do inferno de Dante,
faria duas vezes a mesma odisséia
do Ulisses de Homero,
se você me amasse
ao seu lado.
Mas não consigo mais
somente sonhar que alguém me ama.
Minhas forças se esvaem
junto com o tempo que dilui
a promessa de que irás voltar
(antiga ou nova representação)
um dia...
Se acreditas
no meu amor como uma quimera,
(sem disposição para passar por dores e mortes)
só na alegria,
só no tesão,
só na esbórnia,
ser só felicidade absoluta,
não sou quem procuras.
Porque sou gente,
sou Mulher.
Tenho força e
Limite.
Preciso não ser
apenas
uma quimera sua.
Ou vivo e morro amando
como
dois corpo nus em amor e dor
Ou guardo-o na estante.
Como um conto fantástico
sem começo e sem fim.
Mas belo.

Não hei de censurar
mais
meu desejo e amor por amor.
Se não importas,
vou fazê-lo palavra.
Pra não gangrenar em ilusões
elejo o amor poético
que não castra
não consome,
vai pra algum lugar.
Irei
só.