quinta-feira, 29 de julho de 2010

Porque escrevo ... ?

Escrever é abalar o sentido do mundo.

Esta frase de Roland Barthes imprime muito bem porque me ponho a escrever: não é para dar sentido ou significado às coisas, tampouco para criar uma zona de conforto onde o incômodo da transitoriedade da vida não venha causar náuseas. Ao contrário, vejo a escrita como meio de criação que permite tanto o escritor quanto o leitor a lidar com as complexidades da existência sem torná-la velada, sem fechar-se em "ou isto ou aquilo" (pequeno lembrete à Cecília Meireles). Em um texto posso ser qualquer um: não tenho sexo, idade, compromisso com a ciência, com a seriedade e o rigor moral; posso criar novos paradigmas, falar palavrões e qualquer insanidade - nada me proíbe criar o que eu puder imaginar... Uso uma máscara que não esconde ou inibe o que é indizível, apenas é um artifício de minha interpretação.

Eu escrevo o possível. Não quero convencer ninguém sobre nada. Tampouco quero ser exemplo de alguma coisa para alguém. Não direciono minhas letras para pessoas específicas - parafraseio Nietzsche, pois pode ser para todos e para ninguém. Meu texto é liberdade, uma dança corpórea com todos os meus eus sem imprimir nenhuma face. Não pretendo patentear nenhuma opinião, apenas mostro ao leitor uma página para que ele complete por si mesmo as próximas linhas. Minha escrita é um jogo de linguagem que somente pode ser apreciado por quem não tem medo de pecar contra uma lógica, uma certeza, uma verdade, um mito.

Convido-lhes à interpretação da vida como em uma fotografia erótica: suponho-lhes a nudez, mas o desvelamento fica por sua conta, caro leitor...

sábado, 3 de julho de 2010

Desejo de voltar o tempo
Rever a história
Refazer o texto
E propostas
Mas tudo depois.
Porque agora é cedo demais e amanhã nunca é o último dia do mês.
Porque acredita que esperar não envelhece o sonho e não esquenta a sua bebida.
Porque prefere desejar o nada a nada querer.
Porque simplesmente não vai onde quer.
E por achar que acordou do lado errado da cama, quer dormir novamente.
Mas agora, não.
NÃO.
Pois já esvaziou seu porta malas e estacionou onde quer ficar.