sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Farpas

Depois de três litros de razão pura, sofre-se pelo menos de ressaca transcendental.

Gosto sem interesse, mas imperativo categórico.

Belo é pra quem tem Espírito.

Arte? Só pra cortar caminho até a religião.

Eros contra Anteros: "Amai e procriai" - mas não gozais.

"Só sei que nada sei" não é saber de alguma coisa?

O Dasein é um sem teto.

Perda da aura sem anjinho barroco.

Almônadas.

Indústria cultural em viagem à Ítaca.

Deus ex machina como vontade e representação.

Catarsis do fim da tragédia.

Etc.
Etc.
Ideia de Etc.

Ode aos trinta anos

O mais divertido em existir é não saber nada sobre existir, apenas ir levando, vivendo, amando cada segundo frente o terror do desconhecido. É como jogar amarelinha sabendo que nunca chegará ao céu, porém, insistirá uma, duas três vezes somente pelo prazer de jogar... A inocência da infância que infelizmente perdemos ao amadurecer é tão mais rica que o acúmulo de frases difíceis aprendidas nos maiores compêndios que fomos capazes de criar...

A maturidade apodrece a inocência, nomeada a partir de então como ingenuidade pejorativa ou excesso de imaginação: adultos que se recusam a crescer, assumir responsabilidades de gente grande ou abandonar o sonho de Never Land... Eu creio no oposto disso. A maturidade deveria ser o ápice de nossa capacidade de imaginar e criar jogos de sobrevivência: poder brincar de ser humano é mais agradável que qualquer seriedade imposta como necessidade após a maioridade.

Nesse esconde-esconde as avessas que chamamos de vida adulta quero criar minhas próprias regras, sem medo de ser pega em flagrante fora de meu secreto esconderijo....