sábado, 9 de agosto de 2008

Se foi (?)

Quão assombroso é a contingência...

Amanhã posso simplesmente não ser nada além de lembranças, uma pintura intimista de alguém. O tempo, na verdade, é um grande paradoxo: permite tanto que os nós da existência sejam desatados, na vã tentativa de nos livrar da angústia de viver; como nos reserva (talvez essa não seja a palavra mais adequada, mas, continuemos) a dúvida sobre o que pode se suceder nos próximos milésimos de segundo...

Deveras, viver é uma dádiva cruel. Uma ambrosia que também amarga, que dilata os poros e deixa nossos olhos esbugalhados. Embora isso não seja mais comum, ainda conseguimos ficar pasmo com um único suspiro - seja de alívio ou não. É ridículo nos rebaixarmos aos desafetos, porém, é desprezível desejar uma vida só de sabores afáveis. Viver exige coragem e disposição para rodar em círculos: porque sempre iremos inaugurar a fortuna da felicidade com um quê de insatisfação...