domingo, 25 de novembro de 2018

Universo Particular







Por muito tempo eu fui
O esteio de uma jornada, onde era possível
reabastecer-se de sonhos,
mesmo não sendo os meus.
Ao desfazer dos grilhões que criei ao desejar
 - sem saber ou sem querer -
satisfazer expectativas estratosféricas,
bem distante de mim mesma,
entrei em colapso. 
Tive que me dissolver, perder o meu brilho
e permitir (r)encontrar a minha própria constelação.
Me deparei com as infinitas possibilidades de ser,
eu tive tanto medo do escuro...
Talvez por receio em me apresentar como sou,
sem as referências cosmológicas que não são minhas,
sem manipular o brilho e as cores que não possuo.

Há tanta coisa que me lembra as dores de outrora,
memórias que anteriormente me faziam afogar num buraco negro
onde apenas me restava lamentar
por tudo que não foi, por tudo que deixou de existir,
pelas coisas que permiti acontecer contra a minha vontade,
só por ter medo de encarar a solidão, de ser 
nada mais que pó de estrela.
Eu ainda não sabia que está só
apenas quem desiste de se expandir,
que se recusa a permitir que essa energia visceral dentro de si
construa um universo particular.
Está só quem entrega o amor que não possui por si
a quem só consegue orbitar em torno do próprio ego.
Feito um satélite que não emite luz própria,
se torna dependente da luz de outrem, 
que só ilumina um lado por vez.
Quero ser a minha luz, definir minhas cores, ter meu próprio brilho.
Numa existência em que o espaço-tempo é uma grandeza
não hei de desperdiça-los com a repetição.

Alexandra M. Lopes



Fonte da imagem: https://lenta.ru/news/2016/02/26/uniage/