Não dizer nada
é mais que qualquer palavra.
Feito o som que ninguém repara
mas que mexe e embrulha a vida,
nem sempre para presente.
O silêncio desvela o descaso,
a ausência disfarçada de compromisso que
inunda o coração com uma alegria impessoal,
um sentir descartável, feito um trapo
no fundo de uma gaveta qualquer.
Você realmente esteve aqui, dentro,
em algum momento? Não sei.
Você caminha em círculos e ainda assim se perde.
Senti saudade, senti falta. Só não senti medo.
Talvez, numa hora ou outra,
eu tenha sentido um vazio porque
eu fiz muita falta para mim mesma.
Nesse descompasso por onde me guiou,
eu estive longe demais para
perceber que não haveria nós -
eu dancei a sós essa canção que
cantava uma história
mal contada, inacabada.
De você restou apenas os cacos
de um coração despedaçado,
onde um dia coube o que eu quis que fosse amor.
Não tem amor sem entrega,
sem partilha, sem escuta
sem lugar para dois.
Embarco num mundo que eu possa fazer parte
e expanda meu universo particular.
Me recuso a viver um afeto líquido que,
feito a água de um rio,
contorna as pedras no caminho.
Porém, pelo medo de desaguar no mar,
prefere se afogar.