segunda-feira, 15 de julho de 2013

Outro lado

(Victoire - René Magritte, 1939)


Por um minuto
perdi  a lucidez.
A estrada, um caminho,
tudo parecia claro,
aprumando e aprumando
querendo chegar sem saber onde.

Não há estrada.
nem um lugar para repousar.
Repouso nunca foi uma alternativa
a não ser para os bêbados
tentando fugir da inescapável ressaca.
Para mim,
cada segundo é inconstante,
cada verbo uma perspectiva
que se muda quando desloco os substantivos de lugar.

Uma página em branco,
sim,
a cada arrastão de pensamentos.
Hoje sou outra.
Não me descubro - me invento.
(Re)invento.
E tem coisa que parecem não sair do lugar -
mas desaparecem.
Basta um piscar de olhos,
e tudo fica para trás,
dando lugar ao novo.
Assombro.
O coração gela.
A pele arrepia..
É a vida seguindo seu curso
feito um  rio rumo ao mar.

AML