sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Seis minutos guardados.

(Salvador Dali. The bleeding roses, 1930)

Perto, bem perto,
estivera de descumprir o fim 
ao qual meu coração ingênuo costuma chegar.
Não conseguiu abrir a porta - 
possuía todas as chaves, mas resistiu.
Quase acreditei que havia me decifrado.
Mas algo o mobilizava a ser devorado ali, na porta,
sentindo o vento soprando o frio de um inverno dilacerante.
Embora nem fosse tão tarde...

Meu corpo 
apenas meu corpo
fora alvo de um desejo aquiescente,
não menos sublime, mas detido por assombros.
E, ao deitar-se sobre tal sensação fulgurante,
sentia gotejar a seiva de um amor mal interpretado,
por nada cobrar,
apenas querendo ter mais coragem para aparecer,
nu, entre linhas mal ditas e distorcidas por pura vaidade.

Ele não mais apareceu.
Perdeu a coragem de entrar e - 
rever a mulher que conhecera,
especial,
embora tenha a deixado partir...
E antes do enlace final,
do último beijo e sussurro incoerente ao pé do ouvido,
ela recitou:
guarde meus olhos para que me veja quando puder,
para lembrar quando quiser,
de um quase amor que tive por ti...

AML


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