sábado, 6 de junho de 2020

Uma estação qualquer

O sábado chegou, reticente
nada diferente aconteceu
além do mesmo vazio que me vira do avesso,
expondo as entranhas até que desapareçam

Não adianta o telefone tocar,
o silêncio já disse tudo o que precisava ser dito,
colocando a contra gosto um ponto final no meio da frase 
- aquela que você não disse e jamais irá dizer - 
Tão dentro e tão fora, sem órbita
sem querer me perdi, errei o endereço,
pulei dois vagões e desci na estação errada
Tudo é outono, seco e sem cor

Preciso tanto ser, dessa afirmação,
dessa expansão de amor para além das construções perdidas
ao final dessa rua sem saída
como voltar agora?
Se tudo que viu em mim foram as sombras
os escombros do meu passado, enterrado,
feito fantasma lhe espantou para longe
do que um dia pudemos viver
Ontem tive um sonho 
nada restou depois que acordei, 
ainda sem entender, meio zonza, 
em busca de um café que desceu bem amargo
uma afirmação fria, de longe, sem olhar, sem tocar,
como se eu fosse algo do que deve se livrar
e deixamos na calçada para alguém levar
De tanto você temer o que eu mais quis esquecer 
tornou-se mais um capítulo pintado de cinza, 
outra história sem fim. 
Outra história de mim.

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