sexta-feira, 28 de julho de 2017

A vida é um sopro

Nesse hiato entre o nascer e o morrer aproveita-se o tempo sempre esperando o dia seguinte, como se fosse certo um futuro que é apenas uma promessa. Ora, o tempo que temos é o presente. Um hiato de 24 horas entre o nascer e o morrer que pensamos ter o poder de estendê-lo por mais alguns minutinhos que seja - mas não podemos.

Criamos o hábito de depositar no futuro a nossa esperança, a nossa felicidade, o amor que não veio; sendo que tudo isso pode ser usufruído imediatamente naquilo que temos nesse instante, mesmo que seja diferente do que idealizamos em nossas expectativas. A propósito, expectativa, meu caro, é o caminho mais longo para viver o amor, que deixa de ser sentido para se tornar um projeto cuja sustentação é um ideal.

O amor está aqui, ó, enraizados em nós mesmos, embora tendemos a nos deixar no banco de reserva por medo de admitir que somos os únicos responsáveis pela felicidade que queremos viver. Nesse jogo do devir, o outro entra em campo para somar num espaço em o amor já é vivido a todo instante, dentro de nós. De tanto esperar algo que supostamente não está na vida presente, nem percebemos o quanto exigimos do outro algo que deveríamos fazer por nós mesmos. Sequer pensamos que esse outro, inclusive, é uma pessoa e não a impressão fenomênica do nosso ideal.

Temos tanta pressa para chegar no futuro que ignoramos o quanto poderíamos aproveitar mais nossas conquistas cotidianas, as pessoas que estão conosco no dia a dia, em nossa família, no nosso grupo de amigos. Temos tanta crença num futuro vindouro e tão pouca fé no presente... Enxergamos tanto amor no futuro e tão pouco amor no presente, já que só o vemos naquilo que não temos.

Só que a vida, meu caro, é um sopro. E num piscar de olhos o tempo se dobra, feito um bilhete num guardanapo que colocamos no bolso....


Nenhum comentário: