domingo, 18 de dezembro de 2016

E se for...

Water the flowers -  Mark Samsonovich, 2014


Quando ela deixou de esperar
surpreendeu-se mais uma vez
com um sentimento que há
tanto tempo não mais florescia
Pensara que sua vida
se resumia nas alegrias
que poderia desfrutar
nas mais diversas formas
de amor - menos uma.
E de repente,
se encontra tomada novamente
por aquele sentimento retumbante
o qual ainda tenta resistir,
deixando-a paralisada tanto
pelo desejo de vivê-lo quanto pelo
receio de novamente se perder.

E se for outra ilusão criada
pela miopia que imperou
sobre o meu coração antes de você?

Tamanho conflito sensível
dificilmente deixa de ser pensado e
refreia a vontade visceral
de escrever-lhe cartas de amor
onde eu  possa me revelar por inteira
mostrando muito mais que
a nudez do meu corpo diante
dos seus olhos.
Metade de mim
ainda relembra o lugar de outrora
onde um sentimento antropofágico
se instalou disfarçadamente e
quase me devorou por inteira
tornando-me expectadora
daquilo que sempre acreditei que
de fato é o amor: a cumplicidade
de duas vidas distintas que se dispõem
a dividir e experimentar os sonhos possíveis.
E nesse encontro inesperado
cada um trouxe consigo
a própria bagagem de mão
repleta de mágoas as quais
há tanto esforço para se evitar
Manter os pés no chão é providencial
para a construção de qualquer história
E para recomeçar essa página,
quero deixar essa bagagem em casa
na próxima vez que eu te ver
E carregar em meus braços
apenas o que há na vida presente
mesmo que seja breve...








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