segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Incógnitas



E se o sono não vem
porque a janela aberta
deixa o vento sussurrando
sobre o corpo nu
aqueles versos não ditos
guardados a sete chaves
pelo medo de perder-se
entre a razão e o desejo?

Porém,
já não estamos perdidos?
Não estamos submersos
nas águas turvas do vir a ser?

Não estamos no limiar daquela linha tênue
que traçamos para que tenhamos
a  sensação de que estamos no controle?

E quando tivemos controle?
Quando nos negamos a viver
algo para se proteger?
Quando nos acomodamos ao benfazejo
circunstancial por sabermos lidar bem
com a solidão que não mais corrói
as noites em claro?
Quando transferimos qualquer possibilidade
de amor à roda cármica do fracasso?

No fundo sempre estamos no meio
entre um território aconchegante
e o sedutor universo desconhecido
entre um abismo de novas possibilidades
e a terra firme da resignação.

Que transborde em mim (e em ti)
todo sentir poético
e versos mal acabados
toda entrelinha mal escrita
antes de sequer pensar
que seja possível uma vida em que
o amor não seja liberdade.


Fonte da imagem: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/11/philippe-petit-dei-pessoas-imagem-de-que-nada-e-impossivel.html







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