domingo, 27 de novembro de 2016

Fragmentos V



De tanto medo
esvaziou o verbo
calou a palavra
e decidiu se ancorar 
numa certeza
de que toda dor se repetiria
se houvesse qualquer
tentativa de sair
dessa vida inerte.
Fez desse silêncio gélido
sua rotina laboral
exercitando sistematicamente 
a repressão de todo impulso que
lhe incentivasse a 
enfrentar os dissabores passados.
Sem a máscara do medo
que lhe impede de enxergar 
algo além das sombras 
que habitam sua morada
tudo que lhe resta é a sensação nostálgica
do vento primaveril acariciando a sua face
daquele perfume cítrico que deveras
causou-lhe náuseas
e hoje relembra a saudade
de ser amado (por si e para si).
Sem a máscara 
tudo que lhe resta 
são perspectivas infundadas
sem garantias
nem finais felizes.
o mais puro e belo vir a ser
um salto no abismo 
que é viver, sem qualquer promessa
Nada além do desejo
de viver mais uma vez
o que deveras é o amor. 
Fati.


Fonte da imagem: http://carcarafx.blogspot.com.br/

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