terça-feira, 31 de julho de 2012

Náufrago

Não, eu jamais ofertaria o que não possuo.
Não faço promessas, só propostas.
Não, não há a menor garantia
que o meu amor seja suficiente,
que consiga superar os desenganos de outrora
e preencher os seus dias com alegria. 
Não posso sequer garantir o que quero:
o devir é sorrateiro e tem o hábito mal educado
de nos fazer surpresas desagradáveis
- mas que provocam novas perspectivas já iminentes.

Porém,
entre tantos não poderes há um istmo:
e lá se encontra a sobriedade após severos anseios;
posso partilhar da turbulência oceânica que é a troca de afetos
e aquietar-me no benfazejo amor, inocente
de todas as nossas investidas equivocadas.
Neste pedacinho de terra onde o meu amor habita e
cria o próprio sol
e a vontade de iluminar o seu dia,
eu também tenho um lar onde você é bem vindo, com
toda sua bagagem.
Sim, meu amor é um náufrago
sem medo de se atirar de volta ao mar...
... e retornar, ofegante, à terra firme.

AML

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