segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ex machina

Dores e mais dores...
Estômago despreparado para digerir esta carniça aquém da vida.
Sabe que me sinto mais gente quando tenho dores de estômago?? É sinal que ainda não comecei a ruminar a vida: ela dói - e esfrega isso em todos os meus sentidos.
Ficar engasgado deixou há muito tempo de ser um problema a ser tratado apenas por especialistas: é uma manifestação fisiológica da insatisfação, o que também manifesta a aptidão para denunciar como indigesto o que se disfarça como não indigesto... Fazemos uma espécie de digestão pelo avesso, porque somos um ás para engolir a seco qualquer atrocidade (a qual sempre a culpa é do outro, estar no mundo não significar ter qualquer ônus sobre o que acontece nele; nascemos idôneos... tsctsctsc...) , em contrapartida, não temos sequer paciência para melhorar a mastigação de nossas emoções, do que nos estimula, do que gera angústia, do amor.... enfim... de todo esse "mexido" de desejos e repulsas que nos compõem.
Há tanta preocupação com a estampa do corpo, com esta forma impressa e tão quadrada, que irrelevamos o essencial: escutá-lo. Necessidades básicas abarcam algo além do víveres, pois é uma dissonância composta por cada instante de emoção... assim como as células que se renovam, recortamos quem queremos ser... em metamorfose...
Belo é quando descobrimos que até a indigestão é pura manifestação da vida...

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