terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sim.
Tem horas que a maior prova de amor é a despedida.
Ir embora sem dizer pra onde.
Mudar.
Trair ritos de união afogada
antes de perder o ar
Coçar os cabelos já não mais afagados
para criar provas contrárias à inércia
Deixa de andar de mãos dadas que não mais se tocavam
sem elo, o amor cria cascos
Não mais trovar versos que já não eram ouvidos com tanto zelo...
para partilhar palavras mesmo quando não querem ser enunciadas

É necessário saber ler o corpo (do)ente
que denuncia a distância
a ausência
o desconforto
o descuidado.
de um amor desnutrido pelo incômodo de precisar mudar
renovar as células
re-criar o ritmo
o compasso que bombeia a energia para querer ficar
sem medo de re-começar
hoje
amanhã
e depois
e depois...
Infinito enquanto durar.

Uma grande prova de amor é deixa-lo partir...
seguir
amar
cativar
viver
         a si.
Antes de se esvair de sede de amor.

Ir embora quando quer ficar
amor que doi por fora e por dentro
Entretanto -
Dor que engendra crescimento
Um querer amar ainda mais e de novo
Saudade que faz voltar pra casa
vazio preenchido com outra chance para ser o que se é.
Caminhada por fora do conforto
Furacão que destroi para refazer (se)

E partir
para a cria-ação
de si mesmo...
partilha da alegria
de si mesmo
antes de encontrar...

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei, muito bonito!

Alexandra M. Lopes disse...

Que bom! Acho que este poema lida com algo muito difícil para nós: o desapego. Ter que admitir que de repente, não temos mais espaço na vida do outro. É engraçado, pra não dizer que é muito estranho, pois ao tomar esta atitude, obviamente, temos que reconfigurar toda a nossa forma de interpretar o mundo, a vida, e nós mesmos. Não é fácil: ninguém quer se lançar desta forma no furacão. Mas, ao mesmo tempo,sem essa atitude, não seguimos em frente. Abraço!